
“Na Califórnia é diferente, irmão.
É muito mais do que um sonho”.
São nove horas da manhã. Estamos em Los Angeles prestes a botar os pés na estrada.
Colocamos as duas malas no carro – quase que as jogando na pressa de viajar de uma vez.
Não temos hora, não temos compromissos e nem sabemos para onde vamos. Só sei que queremos ir…
No banco de trás estão as camisas que não couberam nas mochilas. Já aos meus pés um garrafão de água – ele vai ser últil nas próximas horas. Quanto às cervejas? Bom, as cervejas desistimos de levar e as deixamos na geladeira do hostel. Um pequeno presente para seu José, um hondurenho que largou a família para correr atrás de uma “boa vida americana”. Hoje ele é o faz tudo do hostel. Arrumou nossa televisão, nosso ar condicionado e foi um dos muitos contadores de histórias que atravessaram o caminho destes dois viajantes.
Um mapa de revista na mão, um roteiro improvisado na outra. GPS plugado, vidros abertos e o som no volume mais alto.
Vai começar uma das viagens mais inesquecíveis da nossa vida! Estamos em busca do sol dourado da Califórnia!
Sim, ele existe! E tem aquele dourado igualzinho do cinema.
O sol é o mesmo pra todos, eu sei, mas na Califórnia ele parece ter uma cor diferente. Isso não é pieguisse, nem letra de música de Lulu Santos. É uma verdade comprovada durante nossa pequena mas invcrível viagem.
Pegamos a estrada sem saber para onde iríamos. Nosso único plano era atravessar a costa californiana. Conhecer sua gente, suas praias e, é claro, conhecer o seu sol.
Fomos parando de praia em praia. Aquelas com os nomes que mais nos despertavam curiosidade. Aquelas que pareciam diferentes ou que apenas tivessem um restaurante ou banheiro a cada vez que a fome e necessidade batessem. E econtramos uma Calififórnia que vai além do clássico sol alaranjado.

A megalópole Los Angeles foi ficando pra trás. Descemos bem ao sul na busca de uma primeira parada – longe da cidade grande, longe de turistas e suas máquinas (já bastavam as nossas) e com a cara de uma pequena prainha californiana.
Demos sorte! Hoje as estradas estão livres, vazias, quase sem nenhum movimento – o que parece ser raro por aqui durante o verão.

A placa, mais ao sul, indicava Redondo Beach. Um pequeno balneário que ainda pertence às terras da gigante Los Angeles. Mas de Los Angeles mesmo você não vai encontrar nada.
Redondo Beach tem vida própria, apesar de viver à sombra da vizinha cidade grande. Tem cara de vida pacada. A tranquilidade na beira do mar. O vai e vem das ondas. O vai e vem de gente que atravessa o pier de ponta à ponta – principalmente de casais… e apaixonados!
Dizem que Redondo Beach tem um dos cenários mais bonitos das praias da Califórnia. Um charme de cidade do interior com o agito de uma praia em pleno verão. E que atrai mais turistas do que habitantes. São apenas 60 mil privilegiados que têm essa vista o ano inteiro e na porta de casa.
É uma das praias preferidas dos casais que buscam ver daqui o fim de tarde. A explicação pode estar no pier, um dos mais modernos e mais bem cuidados da região.

Não muito distante dali está uma outra pequena praia que carrega a beleza até no nome. Aliás, nomes e belezas em outro idioma – reflexo da colonização espanhola. Hermosa é mais um pequeno balneário pertinho de Los Angeles mas que tem uma vida à parte. Quase deserta, parece até abandonada. Mas não está. É que os turistas passam longe daqui. Preferem o fervo das cidades maiores do que o silêncio desses pequenos paraísos.

Procure Hermosa Beach se quiser relaxar de verdade. Durante o dia só o barulho do vento. À noite, só o barulho do mar.
No caminho até encontramos algumas pessoas que garantiram que as madrugadas por lá são agitadas e que há algumas festinhas fortes na prainha. Pode até ser mas é difícil de acreditar.
Um centrinho tão vazio quanto as areias. Um restaurante brasileiro numa esquina faz a alegria de gente como nós. As redes para os emocionantes jogos de vôlei ficam à espera dos atletas – talvez no fim de semana eles apareçam. Pescadores procuram um espaço no pier e dividem esse mesmo espaço com as gaivotas e pássaros que também estão de olho nos peixes do mar.



Já estávamos há quase duas semanas longe de casa – o que não é nada. Mas parecia uma eternidade para quem não aguentava mais de fome. Nossas refeições se revezavam entre hamburgueres, batatas fritas, pizzas e comida mexicana. Meu estômago pedia férias! Talvez isso explique tamanha felicidade ao ver um pequeno e aconchegante restaurante brasileiro no centrinho de Hermosa. Aliás, Hermosa ficou ainda mais apaixonante com aquela descoberta.
Foi por acaso, ouvindo dois turistas ingleses falarem “brazilian steak” que resolvemos olhar com mais atenção para os restaurantes e barzinhos que cercavam uma das entradas para a praia. E lá estava ele:

Silvio´s não é só a paz que o meu organismo precisava mas um dos pontos mais bombados no auge do verão, segundo alguns comentários.
Além das tradicionais bebidas brasileiras (cervejas e caipirinhas) também há uma ótima variedade de comida. Churrasco gaúcho, comida baiana, mineira… o nosso feijãozinho. Saí renovado.
Nos dias quentes de verão Silvio´s também oferece um som bem brasileiro com pequenas apresentações em frente ao restaurante.
O site do Silvio´s é este: dá uma olhada.
Pra matar a minha sede, um bom guaraná – que despertava os olhares dos estrangeiros da mesa ao lado que nem imaginavam que bebida ser aquela.

O sol ainda não apareceu – tão raro quanto à falta de turistas nessa época do ano.
Achar um lugar para estacionar na praia também é tão difícil quanto. As poucas vagas que aparecem são de parquímetro. Áreas pagas para se deixar o carro. Por isso, uma dica fundamental em sua viagem pela Califórnia: junte todas as moedas e nunca as recuse nos trocos.
Foi o problema que tivemos em Manhattan Beach – e também o único!
Contar as moedinhas, cronometrar o tempo para sair correndo da vaga e procurar outra. Tentar comprar algo barato com notas altas na esperança de ver no troco as tão sonhadas moedas. Besteira! Os vendedores já sabem dessa tática e quase não nos dão as moedinhas.
O que mais poderia nos preocupar aqui?

Manhattan Beach é a típica praia residencial. Gente que busca esse cantinho dourado para passar o ano todo e não só os meses de calor. E não é barato viver aqui. Por ser uma das praias mais vazias e ao mesmo tempo tão próxima de Hollywood, passou a atrair a atenção de artistas. Muitos famosos optaram por comprar casas e até viver nessa praia. Por isso que se valorizou tanto um terreno em Manhattan Beach.
Aos poucos os atletas também vieram pra cá. É o caso da tenista Maria Sharapova que volta e meia era vista nas areias de Manhattan.
A praia, que já se tornara vip, passava então a receber importantes campeonatos de surfe e de vôlei – que geralmente acontecem entre julho e agosto. Por isso é comum ver tantas redes de vôlei já montadas nas areias. E são muitas! Nem no Brasil se vê tanta gente jogando futebol na praia como vôlei na Califórnia.


As casas luxuosas disputam as melhores vistas da beira mar. E não é só a natureza que chama a atenção. As mansões e seus cenários também viram atrações para os olhares nem tão acostumados com esse paraíso.
Sem dúvida, uma das melhores praias da Califórnia. Passe, pare e fique por aqui.


São praias incríveis, uma do lado da outra, o que te impede de ficar muito tempo na estrada. A gente sempre quer parar e ver o que a cidadezinha mais a frente reserva. E por mais que sejam parecidas, sempre são diferentes.
Foi numa reta, que parecia não ter fim, que avistamos a placa de uma das praias mais famosas da Califórnia. Quase que discreta. Nome de seriado americano, cenário de muitos filmes e reduto de grandes estrelas.
Chegamos à Malibu.

Esqueça tudo o que você imagina de Malibu.
A imagem que eu tinha de centenas de turistas, grupos e mais grupos de surfistas disputando uma onda, festas na beira da praia, famosos por todos os cantos… não é nada disso.
Malibu é uma das praias mais reservadas da Califórnia, mas não menos encantadora.
Nas tardes de calor dizem que as praias lotam – mas não é o lotar de uma praia na zona sul do Rio de Janeiro, por exemplo. O acesso até ela é um pouco complicado por isso não atrai tanta gente assim.
As mansões dos artistas ocupam também boa parte das areias.
São casas gigantescas e a maioria com nenhum portão ou grade.

A estrada para Malibu é perfeita.
Pegamos a Pacif Coast Highway. É uma das maiores rodovias da Califórnia e como o nome diz, faz toda a região costeira. Ou seja: o mar vai ser seu companheiro por algumas horas e sempre estará ao seu lado durante a viagem. Uma paisagem perfeita para qualquer viajante e um dos cenários que nunca mais vou esquecer.
Cruzar a Pacif Coast Highway com a janela aberta, o sol na cara e o som nas alturas te faz sentir em um clássico filme americano.
Para dirigir na Califórnia é simples. A carteira de habilitação brasileira é aceita lá. Mas por via das dúvidas mandamos fazer uma “permissão internacional para dirigir”. Ela não é obrigatória! A levamos apenas por segurança. A CNH brasileira obviamente está toda em português. Caso você seja parado por algum policial americano ele não vai entender nada do que está escrito – mesmo sabendo que a carteira brasileira é aceita tranquilamente por lá. Para evitar transtornos – e para evitar que você seja levado até uma delegacia para que alguém traduza a CNH para o policial, levamos uma “permissão”. Ela pode ser feita em qualquer auto escola. Fizemos no Rio Grande do Sul pq lá é a mais barata que existe.
Nessa permissão a nossa CNH está traduzida em vários idiomas. Ou seja: não haverá problemas com a lingua.
Mas fique tranquilo, só com a nossa carteira de motorista você já pode conduzir algum veículo por lá. E no mais você vai adorar dirigir pelas estradas da Califórnia.
Chegamos à Malibu no meio da tarde. Fizemos um rápido reconhecimento do que iríamos ver pela frente. Encontramos uma praia deserta, como quase todas da Califórnia nos dias de semana, e casas giganstecas. Não há ambulantes, não há gente brincando nas areias e nem tumulto. Tudo vazio e em silencio. É como os americanos gostam de curtir um dia de verão.


É uma praia quase que particular. Movimento mesmo só nos finais de semana. E mesmo assim nada comparado ao movimento das nossas praias.
Malibu é para artista. E artista quer privacidade. Chegar até as areias já não é tão simples assim. De carro você não chega perto. Vai ter que estacionar na estrada e nem toda a estrada tem vagas para estacionar. E quando tem vaga, não é permitido parar com o carro. Vai ser preciso, ainda, encontrar alguma estradinha para descer a pé até o mar. Os casarões e condomínios fecharam quase tudo. É preciso ter paciência. E no final vai valer à pena!

Quando não imaginava ser surpreendido por mais nada na Califórnia encontro uma nova prainha.
Pequena, discreta, com poucas placas. Quase que escondida entre uma vegetação bastante fechada. Nome que explica bem o lugar em que agora vamos pisar.

Você já imaginou encontrar uma praia que mal aparece no mapa turístico? Aliás, que nem atrai turistas? Que só há uma única placa de orientação pra chegar nela e nada mais? E que fica no meio de uma vegetação bastante alta na estrada?
Encontramos, sem querer, um dos grandes tesouros da Califórnia. E como todo bom e valioso tesouro: escondido.
Uma praia reservada. Talvez uma das mais vips desse cantinho dourado dos Estados Unidos. E para ter um pedacinho dessas terras não sai barato. Casas valiosas, gigantescas, condomínios fechados. Conquistar um terreno em Escondido Beach não é pra todo mundo. E poucos também são aqueles que conseguem descobrir a entrada até essa praia “particular”. Parece que tudo é feito para dificultar o acesso até lá. É como se fosse um recado ao visitante: “a praia é livre, para todos mas você não é tão bem vindo”.
Procurávamos, já há algum tempo, como descer até a praia. Nada nos indicava o caminho correto. Condomínios cercavam toda a estrada o que já tornava difícil até contemplar aquela vista. E como descer até o mar?
Mas o que chamou a atenção, talvez mais do que o mar, foi aquele portão no meio do nada. Sem sentido. Como se estivesse lá para esconder ou proteger algo que não sabíamos o que. Na verdade, sabíamos. Há uma praia por trás dessas grades. Mas como chegar até ela?
Um pequeno teclado com números acoplado junto à fechadura. Uma praia tão privada que precisa de senha? Ao nos apoiarmos na grade percebemos que ela estava aberta. E foi assim que caminhamos em busca da praia secreta. Seguimos as pedras no chão que trilhavam o visitante.

Mais à frente tivemos que subir e descer escadarias de ferro. Sem saber ao certo em que lugar iríamos parar e nem se estávamos no lugar certo. Só queríamos chegar até a praia. Nada mais. Mas sabíamos que no fim do último degrau teríamos uma grande surpresa.

E não foi preciso chegar até o último degrau, não. Já do alto, ainda seguindo o caminho de ferro, avistamos o grande tesouro escondido neste mato. A vista que as casas e condomínios tiraram de quem passa pela estrada. É o presente que só os mais curiosos acabam ganhando ao se aventurarem sabe-se lá por onde.
Escondido Beach é uma praia pública e que, segundo a única placa que avistamos, está sempre aberta.
Não é permitido trazer cachorros, andar com veículos não autorizados e nem se pode trazer bebidas alcoólicas. Nada que tire o sossego de quem encontrou Escondido e que daqui não sai mais.
Ficamos pouco tempo por lá. A praia estava desarta. Não avistamos ninguém. Nem mesmo os moradores dos casarões. Era final de tarde e água já estava congelando.
Se foi sorte, eu não sei. Mas descobrir Escondido foi uma das grandes conquistas desta nossa viagem.



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